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Dia do Colono: dos acampamentos de lona, à estabilidade proporcionada pelo que é extraído da terra

Foto: Nael Rosa

Agricultor mantém produção diversificada para abastecer a cidade

Dos acampamentos de lona à beira do asfalto, à estabilidade conquistada com muita luta no Assentamento Conquista da Liberdade, situado no 5º Distrito de Piratini, José Gabriel Venâncio, 52 anos, e sua família, tem muita história para contar e, embora o que tenha ficado para trás seja imprescindível para relatar sua trajetória que começou no Movimento Sem Terra em 1989, o período que teve início em 1992, ano em que conseguiu o sonhado lote de vinte hectares, é o que de fato deu a ele a condição de produtor rural, oficio que não permite muitas vezes sequer descaso merecido e necessário para quem vive do que é extraído da terra.


“O pequeno agricultor significa é o oxigênio da nação, já que sem produção de alimento não há vida, e exatamente aí que as políticas dos governos custam a chegar, onde é produzido até 70% do que é consumido no Brasil, mesmo que para isso precisemos trabalhar de domingo a domingo, sem dia santo, sem nenhum feriado, portanto, sem ter descanso”, opina Venâncio.


Enquanto a esposa Marli produz pães, cucas e bolachas que posteriormente serão vendidos na Feira da Agricultura Familiar exposta no Centro de Piratini, ele se dedica os 12 meses do ano às lavoras de milho, trigo, hortaliças e feijão orgânico, e desta última o orgulho é maior, pois do trabalho o qual tem a ajuda dos dois filhos já produziu 50 variedades do grão, patamar que exigiu uma adaptação de quem nasceu e cresceu em São Paulo das Missões, região do Alto Uruguai.


“No princípio não foi fácil a adaptação. Tivemos altos e baixos, o que considero normal, pois mesmo sendo filho de produtor rural e sempre ter vivido do que sai da terra, na região de onde sou oriundo o clima é bem diferente do que temos aqui, assim tivemos um período que levou uns dez anos até conseguir se adaptar. Mas não tenho do que reclamar, pois desde que chegamos aqui as necessidades comuns em acampamento de lona tiveram fim”, avalia.


Os percalços e, em sua opinião as carências de quem optou por viver no campo, não o desestimulam, e mesmo assegurando que a escolha dos filhos vai ser respeitada, ele torce para que esta seja pelo ofício o qual lhe deu uma vida digna, pois observa que a pobreza normal da época em que lutava pela terra voltou a ser regra no país.


“A pobreza está nos grandes centros onde o custo de vida que está um absurdo e não acompanhou o salário, portanto, se for da vontade dos meus filhos, prefiro que eles permaneçam no campo, muito embora eu entenda que houve um esvaziamento do meio rural onde hoje vivem somente os mais velhos, e essa evasão é muito ruim, já que significa menos renda, pois as cidades não foram preparadas para inchar desta forma”, observa.


Para Venâncio, essa migração para o meio urbano e a atual situação econômica e também a conjuntura do Brasil, poderá estimular a volta das pessoas para a luta por ter onde e como sobreviver, o que segundo sua visão, ainda não ocorreu também devido à pandemia de Covid-19, mas está bem próximo de acontecer.


“É fato que não se tem para onde ir, então prevejo que a luta pela terra debaixo de lona deve voltar a acontecer por uma extrema necessidade. Acredito que em dois ou três anos votaremos a ter famílias novamente nesta situação, em busca da terra, do assentamento, o que significa principalmente a garantia de produzir o seu próprio alimento e não comprar para comer”, arremata.


Reportagem: Nael Rosa

Contato: 9-99502191

Email: naelrosaeufalei@gmail.com

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