Sapateiro: uma arte e uma profissão que deve ser extinta em Piratini
Foto: Nael Rosa
Talvez você não perceba, mas realizar consertos em sapatos, isso quando o profissional em questão não os fabrica, é uma arte que requer anos de aprendizado e, posteriormente, de experiência.
Em Piratini, a profissão de sapateiro vai se tornando rara. Há poucos responsáveis por consertar sapatos e como os ensinamentos não são repassados, a tendência é de extinção do ofício.
No mês de setembro, Antônio Fontoura, mais conhecido como Antônio Sapateiro, morreu aos 73 anos, tendo 37 anos atuação na área. Hoje , os clientes são atendidos por Adão Souza, de 56 anos, que como ele diz, aprendeu colar, por sola e remendar ainda guri.
“Comecei aos oito anos com meu pai Cisino Souza. Minha infância foi colégio e trabalho. O que ele me ensinou eu passei para meu irmão Valter. Mas faz uns três anos que ele abandonou a profissão, sendo assim, acredito que com o passar dos anos ao menos aqui na cidade não haverá mais sapateiros”, projetou Souza, que ficou 26 anos distante da lida que permite não só reparar calçados, mas também fabricar botas, por exemplo, mas retornou ao oficio do qual se orgulha muito.
“Se eu não colocar o fecho numa bolsa já não tem mais quem o faça. Também fabrico bainhas em couro para facas e adagas, relhos e bastos, tudo isso de forma artesanal. Sou sapateiro das antigas”, classifica Adão, que assegura não ter do que se queixar, pois da arte assegura os seu sustento, mas é claro que para isso se faz necessário extrema dedicação.
“Tenho muitos clientes, mas me dedico, tanto que às sete da manhã já estou com a sapataria aberta, pois serviço completo nessa área somente eu que faço”, afirma o sapateiro que concorda: sua arte vai se extinguir em Piratini.
“Não tenho funcionários, portanto não repasso para ninguém tudo que meu pai me ensinou, então acredito que esse ofício vai ser extinto em breve”, concluiu.
Reportagem: Nael Rosa
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