Nael Rosa
Situação da estrutura do 20 de Setembro CTG ainda é precária, e Funari afirma que serão necessários mais R$ 300 mil
Foto: Nael Rosa
Um dos mais antigos Centros de Tradições Gaúchas do Rio Grande do Sul (CTG) continua, mesmo com todo o esforço feito pela patronagem, inativo, um contraste com a importante história do pago que é berço da tradição, o chão farrapo que, em seus moradores, causa enorme orgulho ao afirmarem: “eu sou da 1ª Capital Farroupilha”!
Fechado e se deteriorando há 11 anos, o 20 de Setembro CTG não abriga mais nenhum fandango animado com os grandes nomes da música regionalista, não há mais saraus e concursos de prendas e, nem mesmo as movimentadas domingueiras nas quais até 2013, a cultura sulina era cultivada.
A situação estrutural do prédio é tão grave que, a parte da estrutura que é feita de madeira, principalmente o piso do salão principal, se encontra totalmente podre, ameaça ceder e oferece riscos a quem acessa aquele que, entre os fundadores, está Barbosa Lessa, filho da terra e ícone da cultura sulina.
“Não somente eu, que sou o patrão há três anos, mas toda a diretoria está frustrada com essa situação. Particularmente, me sinto chateado com as críticas que recebemos de algumas pessoas, como se não estivéssemos fazendo nada para reativar o 20, mas não é verdade”, garante André Funari.
Ele revela ter tirado em seu nome, um empréstimo no valor de R$ 25 mil, sendo isso necessário para fazer as plantas, tanto do CTG, propriamente dito, como do Galpão de Rondas, prédio que está situado ao lado, sendo este praticamente a única fonte de renda para pagar as seis parcelas da dívida contraída junto ao banco.
“Não vimos outra saída: o prédio não tinha nada, exatamente nada além do terreno. Não havia sequer uma planta e, para fazê-las, precisamos pedir dinheiro ao banco. Pagamos R$ 6 mil a cada seis meses. São cinco parcelas que ao final, os juros serão de R$ 5 mil e, graças a Deus, faltam apenas três para serem quitadas. Para isso, o aluguel do Galpão de Rondas, que é muito requisitado para todo tipo de evento, tem sido essencial, mas nem sempre é suficiente, pois às vezes nos apertamos de grana e aí, lá vamos nós pedirmos dinheiro emprestado a terceiros”, revela Funari.
Ele explica que isso (empréstimo) foi imprescindível para regularizar a parte burocrática e, em breve, ao menos espera receber da Prefeitura os R$ 70 mil destinados em outubro de 2022, pelo deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB), para a reforma. Mas ele frisa que, só esse montante não vai dar para fazer muita coisa, assim, precisará da prometida contrapartida do município que, à época, através do prefeito Márcio Porto (MDB) garantiu à reportagem do Eu Falei, que iria ajudar, dando a seguinte declaração:
“Reafirmamos este compromisso e vamos investir dinheiro para concluir finalmente esta reforma, já que entendo ser uma vergonha uma cidade que possui o título de 1ª Capital Farroupilha, se encontrar com seu CTG, um dos mais antigos do Estado, nesta situação. O 20 de Setembro é nosso e vamos ajudar”.
Funari admite que, tanto o valor repassado por Trzeciak, como os R$ 200 prometidos por Porto, já poderiam ter sido acessados, mas a patronagem não conseguiu entregar dentro do prazo, principalmente o projeto da reforma, o que ocorreu devido à falta de recurso para pagar pelos documentos que integram os trâmites burocráticos previstos e exigidos por lei.
“A papelada burocrática, e também o projeto, tínhamos que ter entregado ao município até novembro do ano passado, mas só foi possível fazer isso em janeiro deste ano, o que, segundo o prefeito, é impeditivo para repassar os valores, devido às regras existentes em ano eleitoral. Agora, para recebermos, tanto os R$ 70 mil, quanto o que o Márcio Porto nos prometeu, só após a eleição municipal”, lamenta.
Ao encerrar, o patrão disse que, a cada mês que passa, devido à elevação do preço do material de construção, o montante necessário para fazer tudo que o 20 de Setembro CTG, precisa, se eleva, e uma das tantas preocupações é o gasto com a laje do porão situado aos fundos da entidade.
“Só com essa laje do porão prevemos gastar R$ 130 mil. Mas se somarmos a troca do piso, do palco e tudo mais que é de madeira e que está totalmente podre, hoje teríamos que desembolsar não menos que R$ 300 mil”, prevê.
Reportagem: Nael Rosa
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